Cantar de Caê

terça-feira, 14 de junho de 2011





Cantar:
Só pra cair em si e sair menos só
Só pra ver que dá pé – fazer fé no gogó
Pra gritar essa luz e calar o revés
Pra amar, fazer jus, sem porém, sem atés,

Só cantar:
pra sofrer, pra parar, pra acordar, pra acudir,
pra doer, pra doar, pra sangrar, pra seguir,
pra sarar, pra sorrir, pra vocês e pra nós.
Pra ter vez, pra ter paz, pra ter cor, pra ter giz
Ter pincéis, ter cartaz, ter contorno e verniz,
Ser voraz, ser veloz, ser atroz, ser atriz:
Ter o céu rente à voz
Pra despertar o bis.
Cantar é atar nós
E desatar, feliz.

credits





Bruna Caram | voz e kazuo
Caê Rolfsen | violão e voz
Bruno Prado | derbak

Obs:

Salve a bendita qualidade de Caê e os seus!

Araraquara tem algumas coisas que ficam marcadas para sempre.
Fui criado por lá. Parte da infância, parte da pré -adolescência, e parte da Adolescência.
Isto por que boa parte morei em Curitiba, São Paulo, São Carlos, Três Pontas.

Mas guardo Araraquara como lugar de minha formação.
Os caminhos, os descaminhos e principalmente minha crítica ao estado de coisas.

Araraquara sempre me pareceu a velha "Filhorda" do romance Zero de Ignácio de Loyola Brandão.
Livro publicado na Itália em 1976 por causa da ditadura militar, mas depois publicado no Brasil após abertura.

O Livro traz uma cidade que vive de status e Hipocrisia Burguesa - este é um dos pleonasmos mais fáceis de entender.
Uma sociedade que vive de imagem, do ter o que não tem. Do ser o que não é. Porém, os anos 90 foram extramamente produtivos à minha formação.

Em Araraquara tudo chegava fácil. Notícias, discos, boa música. Bons shows. Bons e maus amigos.

Fui crescendo ali. Viajando, voltava e ali crescia.
Entre as praças e ruas arborizadas, corri, pedalei, andei de skate e muito ando ainda e sempre respiro qualidade em Araraquara.

E a qualidade vinha dos amigos.
Foi em um certo dia de fim de ano, que descobri Caê.
Violão no braço. Olhar sereno. Sorriso de canto. Alma feliz.

Na casa dele abria o songbook do Djavan. E fazia de cada acorde um sílaba como Djavan, porém melhor.
Ele reinventava Djavan, aos 17 anos, na minha frente com uma destreza de menino brincando com os limites.

Mostrou-me uma canção que fizera a um andarilho que passara por sua nada modesta porta.
Conversou com o moço, descobrira seu nome - Milton - e descobrira sua vida.

Virou canção. Deu o nome a ela de "Mil Tons de Nascimento".
E é uma das mais belas canções que já ouvi. Brotando ali na minha frente.

Caê daquele dia em diante, nunca mais saiu das minhas retinas.
Cativou a mim, pela hombridade, humildade e talento.

E todo música que faz reflete a luz com que me cativou, e oxalá fará com muita gente!

Salve Caê!
Salve Qualidade!



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