Das mais belas estradas do meu país
Viajo na tortuosa e esburacada Régis Bittencourt
Ah ! Não é a toa que te chamam de morte
Maldita seja, que não me deixa ler nem ver
E a poesia aqui ? Sai mais torta que quando a estrada é reta
É, pois minha poesia não é das mais retas
E a maldita Régis, maldita seja ! Atrapalha mais !
A moderna pena mal encosta no papel
E lá vem buraco ! Malditos sejam os buracos !
Mas que ideia incrível esta minha
Escrever poesia no assento de um ônibus
Ah ! Meu caro leitor, não sabe o que é passear pela serra
Mas não me refiro ao passeio de chão não !
Me refiro ao passeio de versos que essa mata esconde
Passeios trilhados, magníficos e desgraçados
Onde somente o poeta é capaz de andar !
As pessoas da minha carruagem são quietas
Com exceção da linda criança que aos prantos chora
Criatura mais bela a criança, ingênua e sábia !
Diria que de todas as crianças nascem poesias
Mas seria dizer demais sobre algo que, de decifrar, sou incapaz...
Mais cedo disse a um grande amigo meu
Que clima melhor não há, que o frio da mata para ler um bom livro
É...gostaria de achá-lo agora para completar meu dizer
Pois clima melhor não há, que o frio da mata para escrever poesia
Meu ônibus saiu da serra e agora adentra às pequenas cidades do Vale
Ah ! Só lembranças me trazem essas cidades do Rio Ribeira
Saudades de quando fui criança como a bela menina que insiste a chorar
Naquela época não escrevia poesia
Mas posso dizer que minha mente, ingênua e sábia de criança
Fora capaz de produzir sorriso nas faces de mil e um poetas
Sei disso, pois a minha face não é outra que um belo sorriso
Quando escuto a linda menina chorar
Ela sabe que gosto dela, mas esconde o seu saber
Na inocência da idade
É...
No final das contas a Régis não é tão maldita
A Régis de hoje me apresentou um caminho tortuoso
Cheio de poesia, lembranças e uma linda criança
Não sei o nome dela, e sei que ela jamais lembrará de mim
Mas eu sei, que por toda minha vida
Dela hei de lembrar
E quando eu chorar
Vou querer sempre recordar
Daquela infância de algum tempo atrás
Quando eu era poeta e um pouquinho mais.
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